Auto-Asfixia Erótica
O que é a auto-asfixia erótica?
A auto-asfixia erótica enquadra-se dentro das parafilias, descritas como fantasias ou comportamentos sexuais recorrentes e intensos que envolvem objectos, actividades ou situações incomuns e causam sofrimento significativo no indivíduo, prejuízo no seu funcionamento global ou potencial perigo ao bem-estar do individuo e/ou dos outros.
A auto-asfixia erótica, também designada como asfixiofilia, hipoxiofilia, suicídio auto-erótico ou enforcamento repetitivo erotizado, consiste na obtenção de prazer sexual através da restrição da respiração com recurso a várias metodologias (metodologias e.g., suspensão da respiração; exclusão de oxigénio com recurso a sacos de plástico ou máscaras; compressão torácica; compressão no pescoço utilizando as mãos, ligaduras, cintos; obstrução das vias respiratórias; inalação de químicos, normalmente nitratos voláteis) da qual resulta uma experiência subjectiva de privação de oxigénio, não existindo uma intenção suicida associada.
A privação de oxigénio no cérebro pode ocorrer através de diferentes mecanismos psicofisiológicos (e.g., diminuição do fluxo sanguíneo com consequente diminuição da concentração de oxigénio e aumento da concentração de dióxido de carbono no sangue ou por vasodilatação periférica) dependendo dos métodos utilizados pelo indíviduo (e.g., compressão do pescoço ou inalação de químicos).
Apesar das consequências negativas associadas à prática da asfixiofilia, que podem inclusive resultar na morte acidental do individuo (e..g, perda de consciência devido à hipoxia que leva à incapacidade do indivíduo activar o mecanismo de segurança ou através de hipoxia cerebral prolongada, ou por paragem cardíaca súbita resultante de uma descida abrupta da pressão arterial associada à estimulação/compressão do seio carotídeo) a repetição do comportamento ao longo do tempo (por reforço positivo) é frequente.
A literatura tem sugerido que a vivência de um estado de euforia resultante da privação transitória de oxigénio (hipoxia), conduz à exacerbação do prazer associado ao acto sexual (masturbação e orgasmo).
Sinais de alerta
1. Hematomas no pescoço ou episódios recorrentes de síncope no indivíduo;
2. Respostas hesitantes, tangenciais ou evasivas relativamente à história e prática sexual (podem suscitar dúvidas ao terapeuta que deverá fazer uma entrevista mais pormenorizada acerca desta temática com questões dirigidas acerca da prática de comportamentos de risco durante a estimulação/comportamento sexual);
3. Evidências físicas da inserção repetida de objectos estranhos em determinados orifícios do corpo do indivíduo;
4. Existência de escoriações urogenitais, vaginais ou anais incomuns e inexplicáveis do ponto de vista médico;
5. Existência de uma preocupação expressa por parte do individuo acerca de temáticas sexuais;
6. Existência de abrasões nos membros, tronco, pulsos ou tornozelos sugestivas da prática de actividades masoquistas assim como a existência de piercings nas partes íntimas do individuo;
7. Existência de eritemas ou marcas da utilização de ligaduras no pénis ou na base do escroto.
(Fonte: Adaptado de Cowell, 2009)
Obstáculos à identificação da asfixiofilia
1. Sentimento de vergonha e humilhação por parte do indíviduo que pratica o comportamento;
2. Receio de criar um impacto negativo na mente dos outros (incluindo do profissional de saúde) e consequentemente de ser criticado e rejeitado por praticar este comportamento;
3. Os pensamento/comportamentos parafílicos são vivenciados como estranhos e anormais mas são egossintónicos e como tal não representam um problema do qual o indivíduo se quer libertar;
4. Desconforto por parte dos profissionais de saúde em abordar temáticas religiosas (muitas vezes pela existência de dificuldades do próprio profissional ao nível da sexualidade);
5. A natureza privada da temática sexual, que o índividuo pode acreditar, não se enquadrar nos motivos pelo quais procurou a consulta;
6. Pouco conhecimento ao nível das parafilias e das suas manifestações, curso, prevenção e intervenções terapêuticas;
7. A asfixiofilia ou outras práticas de auto-asfixia podem ser percepcionadas como inofensivas quer pelo praticante quer pelo profissional de saúde.
(Fonte: Adaptado de Cowell, 2009)
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